As ações da Klabin (KLBN11) caíram 25% em 2025, atingindo R$ 3,49, a menor cotação do ano. O movimento recente, porém, despertou o interesse de investidores e, principalmente, dos próprios diretores e controladores da empresa, que voltaram a comprar ações após terem vendido parte de suas posições no pico de dezembro de 2024, quando o papel estava na faixa dos R$ 4,70.
Essa recompra por parte dos executivos é vista como um sinal de confiança na valorização futura. Em setembro de 2025, diretores adquiriram 100 mil ações a preços entre R$ 3,60 e R$ 3,80, demonstrando que acreditam que os papéis voltaram a ficar atrativos.
Modelo de negócio integrado e valor oculto em ativos florestais
A Klabin opera em um modelo de negócio verticalizado e diversificado, controlando todas as etapas de sua cadeia produtiva — desde o plantio de florestas até a fabricação de papéis e embalagens. A companhia possui 22 unidades fabris distribuídas em 10 estados brasileiros e na Argentina, além de 911 mil hectares de área total, dos quais 669 mil hectares são próprios.
Considerando uma estimativa conservadora de R$ 30 mil por hectare, o valor patrimonial das terras da Klabin seria próximo de R$ 20 bilhões — quase o mesmo valor de mercado da empresa na B3 (R$ 21 bilhões). Isso mostra que, ao preço atual, o mercado praticamente ignora o valor das fábricas, marcas e participação de mercado da companhia.
Produtividade florestal é uma das maiores do mundo
A Klabin está entre as empresas com maior produtividade florestal global. No Brasil, o ciclo de crescimento das árvores de pinus e eucaliptos varia entre 6 e 8 anos, enquanto em outros países pode chegar a 15 ou até 30 anos. Essa vantagem competitiva reduz custos, amplia margens e garante uma posição estratégica no mercado internacional de celulose e papel.
A receita da companhia é altamente diversificada, vinda de papel cartão, papel kraft, embalagens e celulose, com 65% das vendas no Brasil e o restante em países como China, Itália, México, EUA, França e Arábia Saudita — garantindo receita parcialmente dolarizada.
Pressão cambial e queda na celulose afetam os resultados
A recente valorização do real frente ao dólar e a forte queda no preço da celulose exportada para a China impactaram os resultados da Klabin e de concorrentes como Suzano (SUZB3). Apesar disso, os preços atuais da celulose permanecem acima dos mínimos históricos, o que abre espaço para recuperação futura do setor.
Como empresa cíclica, a Klabin tende a se beneficiar da retomada do preço da celulose, o que pode elevar o lucro, o fluxo de caixa e os dividendos pagos aos acionistas.
Participação de mercado e crescimento do setor alimentício
A Klabin é líder em diferentes segmentos do setor:
Segmento | Participação de mercado |
---|---|
Linha Kraft | 60% |
Papel cartão | 40% |
Sacos industriais | 50% |
Caixas de papelão | 22% |
Cerca de 70% das vendas da empresa são destinadas ao setor de alimentos, segmento que cresce, em média, 10% ao ano desde 2010. Esse foco garante resiliência da demanda, principalmente com o avanço do e-commerce, delivery e substituição do plástico por papel, que seguem impulsionando o setor de embalagens sustentáveis.
Política financeira mais conservadora e dividendos regulares
Desde outubro de 2024, a Klabin adota uma nova política de alavancagem, mantendo a dívida líquida/EBITDA entre 2,5x e 3,5x, reforçando o controle financeiro e reduzindo riscos.
A empresa também revisou sua política de dividendos, que passou de 15%-25% para 10%-20% do lucro ajustado. Mesmo com essa redução, a expectativa é de dividend yield entre 6% e 8% ao preço atual.
A Klabin conta ainda com caixa de R$ 8 bilhões, suficiente para cobrir 36 meses de dívidas, e vem reduzindo o volume de investimentos — de R$ 9,2 bilhões em 2023 para cerca de R$ 600 milhões por trimestre em 2025, após a conclusão do Projeto Puma II.
Indicadores e estimativas financeiras (2025)
Indicador | Valor estimado |
---|---|
Cotação atual (KLBN4) | R$ 3,49 |
Valor de mercado | R$ 21 bilhões |
Valor estimado das terras | R$ 20 bilhões |
Dívida líquida / EBITDA | 3,9x |
Caixa disponível | R$ 8 bilhões |
Dividend yield estimado | 6% a 8% |
Unidades fabris | 22 |
Hectares totais | 911 mil |
Klabin barata e sólida: oportunidade para o longo prazo
Mesmo após um ciclo de baixa, a Klabin mantém fundamentos sólidos, liderança de mercado e diversificação operacional. Com a redução da alavancagem, a normalização dos investimentos e a possibilidade de alta no preço da celulose, o cenário tende a melhorar gradualmente.
O fato de diretores e controladores estarem recomprando ações reforça a percepção de que a empresa está subavaliada. Para investidores de médio e longo prazo, os preços atuais podem representar uma oportunidade estratégica em um dos ativos industriais mais consistentes da Bolsa.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias da A Revista no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário