O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou, em publicação no Diário Oficial da União, a suspensão cautelar de novas operações de empréstimos consignados realizadas pelos bancos Inter, Paraná Banco e Facta Financeira.
Segundo o órgão, as instituições descumpriram acordos de cooperação técnica que regulamentam a concessão de crédito a aposentados e pensionistas, e a decisão tem o objetivo de “cessar irregularidades e proteger o interesse público até decisão definitiva dos processos de depuração”.
A medida faz parte de uma fiscalização mais rigorosa sobre o setor, que vem sendo alvo de crescentes reclamações e denúncias por parte de beneficiários da Previdência Social.
Fiscalização do INSS endurece após aumento de reclamações
Nos últimos meses, o INSS intensificou o controle sobre instituições financeiras conveniadas, após um volume recorde de queixas sobre ofertas abusivas e contratos sem autorização dos aposentados.
A suspensão do Banco Master na semana anterior já havia sinalizado uma mudança de postura do órgão, que agora busca restringir a atuação de instituições reincidentes até que sejam comprovadas medidas corretivas.
De acordo com especialistas, a medida tem efeito preventivo e disciplinador, e tende a estimular boas práticas comerciais no setor de crédito consignado.
Banco Inter contesta e busca diálogo com o INSS
Em nota, o Banco Inter informou ter sido “surpreendido com a suspensão” e afirmou estar em contato com o INSS para esclarecer os motivos da decisão.
“Reforçamos nosso compromisso com a transparência, o respeito aos clientes e o cumprimento das normas vigentes. Estamos colaborando com o instituto para resolver a situação o mais breve possível”, afirmou a instituição.
O banco também destacou que mantém operações regulares em outras modalidades de crédito, inclusive para investidores e clientes pessoa física fora do consignado.
Já Paraná Banco e Facta Financeira ainda não se pronunciaram oficialmente até o fechamento desta reportagem.
Entenda o impacto para aposentados e o mercado de crédito
O empréstimo consignado é uma das principais modalidades de crédito do país, especialmente entre aposentados, pensionistas e servidores públicos. O desconto das parcelas ocorre diretamente na folha de pagamento, o que reduz o risco de inadimplência e, consequentemente, as taxas de juros.
Porém, o setor tem sido marcado por assédio comercial, fraudes e clonagem de dados, o que levou o INSS e o Banco Central a intensificarem o monitoramento e as punições a empresas que descumprem normas.
Especialistas avaliam que, apesar de causar interrupções temporárias na oferta de crédito, a medida fortalece a segurança dos consumidores e a credibilidade do sistema financeiro.
“O INSS está sinalizando que não vai tolerar abusos. Essa depuração é importante para que o consignado volte a ser uma alternativa segura e sustentável”, explica o economista Marcos Tavares.
Análise de mercado: bancos digitais sob pressão regulatória
A decisão do INSS também lança luz sobre um novo desafio para bancos digitais e fintechs, que vêm expandindo sua atuação no mercado de crédito consignado.
Instituições como o Banco Inter e a Facta Financeira vinham ganhando espaço entre aposentados por oferecer processos 100% digitais e taxas competitivas, mas o avanço rápido aumentou o risco de falhas nos controles operacionais e nas práticas de correspondentes bancários.
Analistas do setor afirmam que o episódio reforça a necessidade de compliance robusto e monitoramento automatizado de parceiros comerciais, especialmente em um ambiente com regras rígidas como o da Previdência.
“Os bancos digitais precisam equilibrar crescimento com governança. A transparência e o controle serão diferenciais para continuar operando no consignado público”, avalia Ana Ribeiro, analista de crédito da consultoria BR Fintech Insights.
O mercado agora aguarda novos desdobramentos e possíveis revisões nos convênios do INSS, o que pode reconfigurar a concorrência entre bancos tradicionais e digitais no segmento de crédito consignado.
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