Em um cenário de economia brasileira desacelerando e sem novidades no front macroeconômico, o mercado de renda fixa continua atraindo investidores. Durante live realizada nesta semana, especialistas apontaram que, mesmo com o cenário de juros elevados e incertezas fiscais, há boas oportunidades em papéis indexados ao IPCA e ativos isentos de imposto de renda, como LCI, LCA e debêntures incentivadas.
Segundo analistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem mantido um tom cauteloso, indicando que ainda não é o momento ideal para cortes na taxa Selic, atualmente em 10,5% ao ano. A expectativa é que o primeiro corte ocorra apenas em março de 2026, condicionado à evolução da inflação.
Cenário macroeconômico: estabilidade e juros reais elevados
A economia deve encerrar 2025 com crescimento modesto, em torno de 2%, após um primeiro semestre mais aquecido e um segundo semestre próximo de zero. Esse comportamento reforça o cenário de inflação controlada, o que abre espaço para o início de um ciclo gradual de cortes de juros no próximo ano.
Lá fora, o mercado internacional dá sinais de estabilidade após meses de volatilidade, especialmente nas tensões comerciais entre China e Estados Unidos envolvendo minerais críticos e terras raras. A expectativa é de uma desescalada gradual dessas disputas.
O impacto da MP 303 e a manutenção da isenção fiscal
Um dos temas mais comentados foi a Medida Provisória 303, que poderia alterar a tributação de investimentos de renda fixa. A proposta, que previa alíquota única de 17,5% para todos os prazos e tributação sobre LCI e LCA, acabou não sendo votada, mantendo a isenção atual desses ativos.
O resultado imediato foi um alívio no mercado e uma corrida de investidores físicos e fundos de infraestrutura para aproveitar as oportunidades ainda isentas. Essa movimentação provocou um fechamento expressivo dos spreads de crédito, que chegaram a -80 pontos base em alguns papéis de alto rating, refletindo o forte fluxo comprador.
Com o encerramento de captações de alguns fundos, há expectativa de ajuste moderado nos spreads, voltando a níveis próximos de -50 pontos, o que ainda representa um patamar atrativo para o investidor.
Oportunidades de investimento: destaque para CRAs, CRIs e debêntures
Os analistas destacaram que as melhores oportunidades continuam concentradas em ativos atrelados ao IPCA, principalmente CRAs e CRIs com taxas acima de IPCA + 8% ao ano.
Entre os papéis citados como destaques no mês:
- CRA Boa Safra: taxa de 13,66% ao ano, fluxo mensal, vencimento em 7 anos, voltado a investidores qualificados.
- CRA Dourado (celulose): IPCA + 7,5% ao ano, prazo de 10 anos.
- CRI Hapvida: IPCA + 8,22% ao ano, vencimento em 6 anos, acessível a todos os perfis.
- Debênture Mantiqueira Alimentos: IPCA + 8% ao ano, prazo de 7 anos.
- CRI Via Castelo (Ecoovias): IPCA + 7,03% ao ano, vencimento mais curto e pagamento único no fim do período.
Além disso, debêntures incentivadas de infraestrutura continuam sendo uma excelente alternativa de diversificação, com segurança, isenção de IR e retorno real acima da média histórica.
Expectativas e recomendações para 2026
Com o juro real ainda elevado, os analistas recomendam que o investidor aproveite o momento para travar boas taxas de longo prazo. A renda fixa segue como um dos setores mais seguros e rentáveis, especialmente para quem busca proteção contra inflação e rendimento previsível.
A expectativa é que, até o primeiro semestre de 2026, o Copom inicie um ciclo gradual de cortes, mas ainda mantendo a taxa em níveis historicamente altos um cenário ideal para quem deseja consolidar posições em papéis indexados ao IPCA.
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