Nos últimos anos, as debêntures têm se consolidado como uma das principais opções de financiamento para empresas brasileiras. Entre janeiro e agosto de 2024, a emissão de debêntures atingiu o recorde de R$ 88,2 bilhões, um aumento significativo em relação ao mesmo período de 2023, quando foram emitidos R$ 63,5 bilhões, segundo a Associação Brasileira dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Esse aumento reflete a busca por alternativas de longo prazo, especialmente em setores estratégicos como energia elétrica, transporte e logística, e saneamento básico.
Esse movimento ocorre em um contexto de elevação da taxa Selic, que, em setembro, subiu de 10,50% para 10,75%, desestimulando empréstimos bancários de longo prazo. “Mesmo com juros altos, as debêntures oferecem acesso a financiamento de longo prazo, crucial para viabilizar grandes projetos”, explica Ricardo Carvalho, diretor-gerente da Fitch Ratings no Brasil.
Projetos de infraestrutura, como o pacote de concessões da rodovia Triângulo Mineiro, têm sido financiados por debêntures incentivadas, que oferecem isenção fiscal. A EPR, uma joint venture entre Equipav e Perfin, arrecadou R$ 1,3 bilhão em uma emissão de debêntures de 17 anos para essa obra.
Além disso, o governo ampliou o uso desse mecanismo em setores como o de saneamento, com as empresas de água agora podendo financiar até 70% do valor de concessões com debêntures. Esse aumento visa acelerar investimentos para expandir a cobertura de água e esgoto no país.
O setor de mineração também tem se beneficiado dessa modalidade. A produtora de ouro Aura Minerals assinou recentemente uma emissão de R$ 1 bilhão em debêntures para financiar seu projeto Almas, uma mina a céu aberto no Tocantins.
O mercado de debêntures no Brasil tem mostrado um instrumento cada vez mais relevante para o financiamento de infraestrutura, oferecendo alternativas de longo prazo e atraindo investimentos em um cenário econômico de incerteza.
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